quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Minha jornada pela imaginação

Estou cansada. Meus olhos ardem pelo uso prolongado das lentes de contato, meu corpo, cansado, reclina-se no sofá quase involuntariamente. A meia-luz torna minha pele levemente cintilante pelo suor.
Foi a melhor noite em muito tempo, e um fim de ano melhor do que o esperado.
Sim, para mim o ano acabou hoje, quando adentrei o empório dos sonhos e fui levada a uma jornada inesquecível, no final da qual eu sabia que voltaria a olhar o mundo como um baú repleto de maravilhas a serem descobertas; com os olhos da inocência.
Não foi um ano fácil: passei metade dele aprendendo a difícil lição de como mentiras e paixões custam a morrer, e a outra metade buscando um amparo, um consolo, algo que parecia inatingível. Eu sentia que estava perdendo algo da minha essência, em dias que lembravam contos para assustar.
Chorei muitas vezes, este ano. Mas chorei ainda mais hoje. Porém, não por novas amarguras. Eu estava apenas pegando minhas lágrimas de volta, de certa forma. Todas aquelas que me foram arrancadas injustamente.
Muito me foi oferecido, justiça seja feita. Entretanto, nada de que eu realmente precisasse. Intimamente, queria apenas uma demonstração de verdade e inocência. Ou de verdadeira inocência. Ou das duas coisas. Só precisava saber que essas coisas ainda existiam no mundo. Necessitava não sentir meu coração tão perdido e desesperançado. Desejava poder sonhar novamente.
Por minha sorte ou pura artimanha do destino, as pessoas sempre se encontram com elas mesmas, cedo ou tarde. Pelo menos é nisso que acredito. Há algo de mais intrínseco na alma, no cerne humano, algo quase selvagem, que nunca nos pode ser tirado. Há uma essência. E a minha, definitivamente, não combina com tanta amargura passiva. Sou a mestra dos meus próprios desejos, e responsável por meu próprio destino.
Voltei a sonhar constantemente, em todos os bons significados que o verbo "sonhar" possa ter. Assim como a desejar que, em algum lugar, alguém esteja sonhando comigo também. Na verdade, não exatamente comigo, mas com a ideia de mim.
De além das colinas e mais distante, algo claramente retornou. Como se um ser mágico tivesse trazido de volta minha criança interior, que eu nunca deveria ter deixado partir. Algo renasceu.
Talvez por causa de uma única canção, ouvida repetidas vezes, que me fez crer que muitos grandes corações sofrem em silêncio, cada um levando em si uma história diferente. Porém, ainda que jamais se encontrem, não estão de fato sozinhos no mundo. É que cada um pertence a uma diferente canção, e cada canção tem sua beleza, ainda que preserve aquela sutil melancolia.
Sendo assim, hoje me preparei para fechar um ciclo. Abandonei a amargura que não me é própria. Guardei apenas um pouquinho da melancolia, pois esta é parte inerente de mim. No mais, guardei apenas as coisas boas e doces. Tão doces quanto guloseimas de parques de diversão.
Preservei também a ânsia de aventura, a vontade de sentir a barriga gelar durante um passeio de montanha-russa.
E eis que esse ciclo se fechou no momento em que deixei o carrinho do brinquedo que me levou para a jornada de hoje. Foi realmente uma jornada incrível, pelos caminhos das emoções e das memórias.
Entretanto, foi uma viagem cansativa. Que venham novas aventuras e novos sonhos. Mas não hoje. Este é meu último passeio do dia. E amanhã, espero acordar de espírito renovado para o grande parque de diversões da vida.



"Sanitarium é o lugar para onde as pessoas vão para curar a mente. Imaginarium é onde se cura a imaginação."  - Tuomas Holopainen



Um comentário:

  1. Melancolia é bom realmente, é um sentimento cinza que ajuda a perceber as cores. Amargura não combina com ninguém.

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