segunda-feira, 25 de agosto de 2014

"Gosto de te ver ao sol, leãozinho"

Algum dia vou escrever pra você.”
“Não, não vai.”
Foi isso o que dissemos naquela segunda vez que dormimos juntos, na casa daqueles amigos, altas horas da madrugada. Mas eu sou a escritora rebelde, minha palavra é desobediente: escrevo agora como a criança que bate o pé. “Você não manda em mim.” Orgulho de virginiana.
Não que você não fosse gostar que eu te escrevesse. Pelo contrário, desde aquela época eu sei que você gostaria, de verdade, mas ficaria sem graça, logo você, o Senhor Sem Vergonha, o Pau pra Fora.
Mais tarde, você me disse que não sabia lidar com demonstrações de carinho, o que, veja bem, é uma grande ironia: troco meu coração por um cookie, mas cookies são doces. Renego o romantismo, mas não deixo de ser carinhosa. Você era um puto, mas um puto de alma lúdica e coração de ouro.
E assim passamos as semanas: eu, que não queria ninguém por perto, esperando uma mensagem, qualquer gracinha sua; você, sempre durão, fazendo pequenas amabilidades.
Você chegou no meu momento solitário, quando sentia-me dura e indesejável, e mudou tudo isso.
“Você me fez acreditar. E ver que, às vezes, mulheres são turronas, mas são fofas e gentis”, foram as suas palavras.
Agora só desejo que você seja estupidamente feliz, ronronando num colo mais amoroso que o meu, recebendo um sorriso mais leve. Que dure o tempo que tiver de durar. “Que seja doce.”
Desculpa, sei que te deixei sem graça de novo. Não fiz por mal. É que eu “gosto tanto de você, leãozinho”.



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